O John Lam passou a atender outras responsabilidades dentro da Microsoft e a liderança dos projetos passou para Jimmy Schementi. Em sua gestão o IronRuby chegou finalmente à versão 1.0. Claro, ainda há muito o que se fazer mas ele passou a ser minimamente usável. Apesar das coisas parecerem estar indo razoavelmente bem fomos todos surpreendidos em agosto de 2010 quando Jimmy blogou sobre sua saída da Microsoft.
Houve um período de silêncio onde não se sabia bem o que fazer. Ninguém deu nenhuma comunicação oficial e sabemos que muito se discutiu internamente. Havia muitas coisas a serem consideradas, o que é normal, como o investimento feito até então, como reorganizar o processo, enfim, muitas coisas.
Felizmente, esta semana, a Microsoft finalmente se manifestou oficialmente com uma excelente notícia: ela está liberando o IronPython e o IronRuby diretamente para a comunidade. Antes você não podia colaborar diretamente sem o código passar por alguém da Microsoft. O Jason Zanders blogou o seguinte:
- A licença dos softwares mudou para Apache 2.0, uma licença boa para open source.
- Outras ferramentas como o IronPython Tools for Visual Studio e o protótipo do IronRuby Tools for Visual Studio também passaram para a licença Apache 2.0.
- Mudanças foram feitas no CodePlex (onde está o código-fonte) para que seja possível à comunidade contribuir código sem precisar passar pela Microsoft.
- Os coordenadores da comunidade para o IronPython serão o Miguel de Icaza, Michael Foord, Jeff Hardy e Jimmy Schementi.
- Os coordenadores da comunidade para o IronRuby serão o Miguel de Icaza e Jimmy Schementi.
Ou seja, o Jimmy retorna aos projetos, mesmo fora da Microsoft, e ninguém menos que Miguel também entra no jogo. Eu particularmente gostei dessa parte porque o Jimmy se demonstrou bastante ágil e dinâmico para acelerar os projetos. O Miguel também é acelerado e com sua posição na Novell e no projeto Mono podemos esperar grandes coisas para ambos os projetos.
Logo de cara, imagino que a melhor coisa a se acontecer seria a distríbuição do Mono já trazer por padrão o IronPython e o IronRuby. Ou seja, além de C#, Boo e outras, toda vez que se instalar o Mono já teríamos essas linguagens. Além disso eles passam a integrar o sistema de Continuous Build do Mono para evitar bugs de regressão. E, melhor ainda, passarão a ter melhor integração com Linux e MacOS.
O Mono é um projeto robusto, estável e muito útil em diversas arenas que não são apenas cópias do .NET para Windows. Na verdade, pessoalmente para mim, sua grande vantagem é justamente executar fora da plataforma Windows, permitindo executar aplicações Web em ASP.NET usando mod_modo no Apache. Permitir criar aplicações desktop usando toolkits como GTK+. Você tem a famosa engine de scripting de jogos, o Unity. E ele também é útil nas plataformas Apple com o Mono Touch para desenvolvimento de aplicações de iPhone e iPod e o recente Mono Mac para desenvolvimento de aplicações com visual nativo para Macs.
Ou seja, o Mono é uma plataforma muito versátil que pode ser útil em diversos lugares fora do alcance da plataforma .NET, levando-a a muitos cenários inusitados e interessantes.
Além disso, a comunidade brasileira também está bem servida com representantes como o Rodrigo Kumpera, Alessandro Binhara, Rodrigo Barreto de Oliveira (criador da linguagem Boo).
Acho que podemos esperar grandes coisas para o IronPython e IronRuby na comunidade open source e Microsoft ainda.