Oxente Rails - It's a Wrap!

2009 August 11, 17:43 h

Voltei domingo à noite do evento Oxente Rails, organizado pelo Paulo Fagiani em Natal, RN. Assim como foi no Rails Summit do ano passado, não se tratou de uma conferência daquelas chatas no estilo palestrante fala, participante escuta. Foi uma grande confraternização, com muita interação entre palestrantes e participantes, muita filosofia, discussões sobre empreendedorismo, agilidade. Eu particularmente me diverti muito e tenho certeza que quem esteve lá, se divertiu também.

A parte interessante: é impossível “planejar” que as coisas aconteçam da maneira como aconteceram, as pessoas presentes é quem criaram esse clima. Especialmente aqueles que não eram do “staff-oficial” foram alguns dos diferenciais como a galera do #horaextra do Rio que agitaram muito; o pessoal do Jus Navigandi demonstrando seu livestream de twitter; a dupla dinâmica da Plano Bê Eliézer e Luis que participaram bastante dentro e fora do evento, etc.

Coisas inusitadas acontecem quando se cria um ambiente anárquico (!= bagunçado). Nem mesmo as coisas que deram “errado” foram problema, porque as soluções colocadas no lugar foram ainda melhores, no melhor estilo Ágil. O Obie Fernandez, por exemplo, estava confirmado para ir, mas teve problemas e mandou o Jon Larkowski no lugar (o funcionário #1 da HashRocket) e ele foi sensacional, super amigável, interativo, camarada mesmo. O Andy Hunt também teve problemas e no lugar fizemos uma coisa que não se vê em nenhum evento: um jogo que envolveu todos os mais de 100 participantes na hora, trocando todo mundo de lugar, metade do pessoal no palco e 4 apresentadores frenéticos correndo pra lá e pra cá, cortesia do Marcos Tapajós e do know-how da grande Improve it (depois farei um post extra só sobre isso).

Quase no fim do segundo dia, todos os palestrantes foram ao palco para uma sessão de perguntas e respostas que se centrou especialmente no tema empreendedorismo, produtos, agilidade, gerência de projetos. Além disso, no fim dos dois dias, saideiras no melhor estilo do #horaextra carioca até tarde da noite.

Os assuntos circularam entre Rails e Agilidade ou Empreendedorismo. Eu dei uma introdução básica ao mundo Rails, enfatizando a irrelevância da tecnologia se não existir um ecossistema e uma filosofia que a guia. Eu não defino Railers simplesmente como “programadores que usam a tecnologia Rails” ou, pior ainda, “programadores que esperam ganhar dinheiro só fazendo Rails” isso é besteira!

Palestras

Os temas foram variados, o Carlos Brando deu uma introdução à forma como o Ruby lida internamento com objetos, com alguns recursos de metaprogramação, e deve ter deixado algumas pessoas com a pulga atrás da orelha quanto às possibilidades. O Cauê Guerra demonstrou Cucumber rodando e também deve ter deixado o pessoal mais curioso sobre os benefícios de BDD (Behavior Driven Development). O Tapajós junto com o Sylvestre Mergulhão falaram sobre o RedeParede.com, como ele está arquitetado e uma dica interessante que me deixou curioso: usar Sphinx para fazer queries em MySQL em vez de usar SQL. Vale a pena pensar a respeito.

Pra variar eu não assisti todas as palestras :-) Mas eu vi parte da palestra do Régis Pires onde eles falam sobre a distribuição Easy Rails, um pacote para Windows que já vem com Ruby, Rails e diversos outros componentes como Apache tudo junto.

A última palestra foi de ninguém menos que Yehuda Katz, da Engine Yard, e principal desenvolvedor desta fase de refatoração e integração do Rails com Merb. Ele falou sobre as limpezas na parte de ActiveController, ActiveModel, e como agora é possível montar uma aplicação Rails totalmente minimalista sem usar os recursos avançados. Foi de longe a palestra mais técnica de todas e acho que muita gente não conseguiu seguir muito bem. Recomendo esperar a gravação para ver em mais detalhes. Mas a parte legal foi a de perguntas e respostas porque o pessoal não se intimidou e fez muitas perguntas legais e relevantes o que deu uma boa descontraída no final.

No segundo dia eu cheguei um pouco tarde então infelizmente acabei perdendo a palestra do William Fernandes. Na verdade assisti menos palestras no segundo dia. Sei que o Geoffrey Grosenbach enviou uma palestra em forma de screencast (no melhor estilo Peepcode :-), falando sobre sua experiência de empreendimento nos últimos 3 anos.

O Dante Régis, de Sergipe, falou sobre deployment de aplicações Rails e sua experiência desenvolvendo aplicações em Rails dentro do Tribunal de Justiça de Sergipe. É graças a esforços como o dele que boas tecnologias se espalham nos lugares mais burocráticos do país como governo e grandes empresas, famosos por estarem sempre obsoletos.

Foi no segundo dia também que o Tapajós deu uma palestra-resumo do famoso material da Improve it sobre Extreme Programming e depois fizemos o Jogo da Comunicação. Fizemos uma mesa-redonda de perguntas e respostas com os palestrantes, e também no final do dia o Paulo Fagiani deu uma introdução ao JRuby para demonstrar as vantagens da integração de Ruby com Java e finalmente o Jon Larkowski falou sobre o “Hashrocket Way”, a filosofia de trabalho de dentro da Hashrocket, que segue os valores do Manifesto Ágil, é baseado em camaradagem e, da mesma forma como o Obie no Rails Summit do ano passado, o Jon conseguiu deixar uma perspectiva muito positiva de prazer no trabalho e que é possível trabalhar se sentindo bem com o que se está fazendo e com seus colegas e clientes.

Eventos Ágeis

Graças às tomadas espalhadas pelo auditório e internet via wi-fi, o pessoal interagiu com quem não pôde ir, via Twitter, via live streaming de vídeo. Infelizmente, problemas técnicos impediram as gravações do Rails Summit ano passado, mas felizmente o Paulo colocou uma ótima infra-estrutura no Oxente e a comunidade vai ganhar muito. Aguardem as gravações para breve.

No tocante à comunicação é inaceitável que um evento de Tecnologia não tenha wi-fi (por mais lento que seja) e tomadas para os notebooks (mesmo que não para todos ao mesmo tempo). Com Twitter, canais de IRC, blogs e tudo mais os participantes querem participar, e não apenas serem ouvintes passivos ouvindo os outros falarem. Eu aprendi isso na RailsConf de 2008, implementei no Rails Summit e agora o Paulo também colocou no Oxente. Por exemplo, na sessão de perguntas e respostas com os participantes, foi legal ter o agregador de twitter do pessoal do Jus Navigandi aparecendo no telão atrás de nós e as pessoas interagindo por ela também.

Aliás, essa sessão em particular foi bem legal porque fugiu completamente ao status quo (coisa que eu adoro fazer). Normalmente essas mesas-redondas são literalmente “mesas” no palco, um copo d’água pra todo mundo, e um “separador” entre os palestrantes no topo e os participantes embaixo. É uma barreira psicológica. Quando o Tapajós sugeriu para sentarmos na beira do palco, imediatamente fizemos isso, o que nos colocou na mesma altura de todo mundo, o que imediatamente abriu uma linha de comunicação e interatividade que poderia ter durado a noite toda. São as pequenas coisas que fazem a diferença.

O Jogo da Comunicação que o Tapajós propôs também fez a diferença pois retiramos todos da posição passiva e os tornamos os atores principais da peça. Tudo isso torna o evento imperdível de se estar presente e não apenas assistindo online. Agilidade é realmente abraçar a mudança e fazer o melhor possível para ir em frente, e normalmente o improviso ainda acaba saindo melhor que o planejado.

O evento foi muito bom, tenho certeza que superou espectativas, deixou aqueles que não foram arrependidos e também deixou todos os que foram com aquela vontade de “quero mais” para o ano que vem.

Espero ver todos no Rails Summit este ano!

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