Off-Topic: Devo fazer faculdade?

2009 April 17, 20:41 h

Não sei se foi coincidência, mas hoje recebi ume e-mail pedindo uma opinião sobre esse tema ao mesmo tempo que o Paulino Michelazzo blogou sobre algo parecido.

A resposta curta? Na dúvida, faça. Ok, vamos para a resposta mais longa.

As Faculdades de Hoje

Assim como o Paulino, a maioria das pessoas deve ter a noção que a faculdade “não prepara o aluno para o mercado de trabalho”, outros vão dizer exatamente o contrário, “que o problema é que as faculdades justamente só focam no mercado de trabalho, deixando o acadêmico de lado.”

Para mim existem dois tipos de faculdades: as primeiras são as tradicionais sérias como as federais e algumas estaduais como USP, Unicamp, UFRJ, ITA. Essas são as vistas como “que não preparam o aluno para o real mercado de trabalho”.

O segundo tipo são as comerciais, os tipos que oferecem os cursos fast-food de 2 anos ou menos, diplomas relâmpago, faça dois-cursos-em-um, etc das quais nem vou citar os nomes pois são óbvios. Esses são os tipos vistos como “que só focam – male-male – no mercado de trabalho.”

O objetivo de uma faculdade não deve ser preparar uma pessoa para “o mercado de trabalho”. A faculdade é o ponto final do processo educativo formal que começa no primeiro grau para preparar um indivíduo “para a vida”. O objetivo deveria ser: preparar um indivíduo para evoluir sozinho, prezar pelo auto-conhecimento, prezar pelo respeito ao próximo, aos deveres cívicos. A ter gosto pela descoberta, pelo pensamento racional e independente, a incentivar a experiência através da tentativa-e-erro sistemático de melhoria contínua. O sistema educacional deveria ser um mecanismo para ensinar ao aluno, ao longo dos mais de 10 anos formais, como pensar e agir por conta própria, com consciência dos atos, com atitude baseada em conhecimento, pelo método científico acima de tudo.

Em vez disso, o aluno sai do sistema educacional com a seguinte proposição: faço tudo que me mandarem fazer, tudo que me disserem é verdade e não precisa ser averiguado, e tudo que aprendi até agora é o suficiente para me considerar um bom profissional. Resumindo, o aluno sai da faculdade com os valores completamente corrompidos. Metade da culpa é do sistema, metade da culpa eu ainda coloco no aluno – porque eu também passei pelo mesmo sistema.

As faculdades consideradas de primeira linha, como uma USP, ainda tem um âmbito mais acadêmico e, portanto, mais experimental, mais desafiador e mais interessante que – se o aluno tiver boa disposição – pode levar realmente a abrir boas portas. Alunos de faculdades desse tipo tem mais tempo, costumam ter mais poder aquisitivo, se tiverem a cabeça certa terão acesso a professores e material com muito mais perspectiva. Estou sendo generalista, nem todos os professores são bons, nem todos os alunos são interessados, mas não costuma ser o normal.

As faculdades de segunda linha, as comerciais, tem como único objetivo serem fábricas de diplomas. Elas apresentam, de maneira absolutamente superficial e descartável, todos os termos técnicos e procedimentos básicos que os empregos de base costumam pedir. É uma peça de um quebra-cabeça cruel cujo único objetivo é banalizar o ensino e o ofício. Claro, estou sendo generalista, afinal existem bons professores e algumas pessoas bem intencionadas, mas não é o normal.

O sistema educacional tradicional como um todo é baseado em dogmatização muito mais que em aprendizado propriamente dito. Todos os alunos, até o fim do segundo grau, são máquinas de decoreba. As faculdades comerciais seguem o mesmo ritmo: decore, faça as provas e ganhe um diploma. Simples, fácil, sem esforço (repito: sem esforço).

Minha Experiência

Já relatei isso antes, mas uns 6 anos atrás eu resolvi tentar fazer uma certa faculdade comercial renomada, só para tirar uma onda. Marquei minha prova para um sábado e na sexta-feira anterior fui em umas 3 ou 4 baladas, não dormi nada, fiz a prova literalmente em ritmo de pós-balada. Terminei a prova em meia-hora – afinal era absolutamente trivial – e, obviamente, passei sem maior esforço. Vamos apenas dizer que o nome dessa faculdade é reconhecida por qualquer empresa do mercado. Foi tão frustrante que decidi que eu não ia perder meu tempo numa faculdade tão simples de entrar e, obviamente também, nem me dei ao trabalho de me matricular.

15 anos atrás eu prestei a Fuvest, a Unicamp e a Fatec, apenas essas 3. Passei nas 3. Foi bem mais difícil, passei um ano inteiro no mesmo ritmo frenético de estudo, pelo menos 10 horas todos os dias incluindo fins de semana e feriados. Foram centenas e milhares de exercícios e simulados e nem assim eu cheguei ao topo da lista.

Acho que foi uma ótima experiência ter passado algum tempo na USP. Apesar que eu desisti 3 anos depois. Os motivos são particulares e se aplicam somente a mim, por isso eu digo que não recomendo que ninguém me copie. Eu saí da faculdade pelo fato que eu tinha certeza que poderia aprender tudo que faltava no currículo sozinho e mais rápido. Mas não confunda: não foi porque eu achava que o que estava aprendendo não era importante. Eu já era programador pelo menos 5 anos antes. Os primeiros anos de USP ajudaram a dar uma super acelerada no que eu já sabia e me ajudou a dar passos muito maiores, o suficiente para o resto ser mais fácil.

Apesar de eu ser do IME (Intituto de Matemática e Estatística), meus melhores amigos da época eram estudantes de engenharia elétrica da Politécnica. Foi o pessoal que me ensinou Unix, era uma galera que brincava de assembler na hora do lanche, fazia computação gráfica nas horas vagas, e ainda tinha tempo para desenhar micro-processadores antes da janta. Eu aprendi o Java, o Delphi, o HTML, o Javascript nascer junto com esse pessoal, muitas possibilidades. Eu tive acesso à internet de banda larga, 15 anos atrás, graças à universidade. Esse pessoal deu uma ótima impressão para mim: estudantes que não eram 1 ou 2 anos mais velhos do que eu, mas que pareciam ter 10 anos de experiência mais do que eu.

Talento e Esforço

Portanto, para mim, a faculdade foi extremamente proveitosa e um passo importantíssimo no que sou hoje. Não terminei por opção. Agora vem a parte difícil: desenvolvimento de software não é um ofício manual repetitível. Da mesma forma como Publicidade, Música, Literatura, Medicina, Arquitetura, e todos os grandes bons cursos e profissões também não são: eles exigem talento nato. Você não adquire, não ganha, não compra e não aprende a ser um grande músico. Você tem o talento e aprende a refiná-lo. Você não aprende a ser Da Vinci, nem Mozart, nem Niemeyer, nem Villa Lobos, ou você nasce Da Vinci ou não. Você sempre pode aprender as técnicas, claro, mas não vai chegar muito longe.

A faculdade não vai torná-lo um cara talentoso, a faculdade vai no máximo ajudar a moldar seu talento. Muitos descobrem, na faculdade, que não estão no caminho certo. Muitos descobrem, muito tempo depois, que não estão no caminho certo. Infelizmente isso é comum. Algumas pessoas tem consciência que ainda não sabem o que querem, e pior ainda, muitas sequer sabem que ainda não sabem.

Outra coisa importante: um cara de talento não pára apenas com o que o sistema lhe dá, ou seja, não pára apenas com o que a faculdade ou outros cursos lhe ensinam: o cara de talento sempre quer mais, muito mais. São caras como um Linus Torvalds, que cria um kernel do zero. São caras como um Miguel De Icaza que cria plataformas do zero. Caras como um Joe Armstrong, que desafiam o status quo e criam linguagens como um Erlang; como um Damien Katz que criam maneiras diferentes de lidar com problemas antigos como bancos dados, criando CouchDBs. Caras como Raymond Boyce, que criaram o primeiro SQL. Caras como Alonzo Church que foram mais a fundo nas disciplinas da matemática como lambda calculus e levaram a novas formas de programação. Caras como John Von Neumann, que literalmente criaram o primeiro tijolo da fundação da computação.

Educação é muito, mas muito mais do que aprender um micro-ofício, uma série de tarefas mecanizadas que podem ser repetidas. Existe lugar para esse tipo de tarefa, claro, mas se você está lendo este artigo com certeza não estamos falando de pintura de parede nem de empilhamento de tijolos.

Muitos dos melhores programadores já são programadores antes ainda da faculdade. Não é um requerimento, mas não é incomum, principalmente nos dias de hoje, que a vontade de programar surja muito antes do vestibular. Isso deve facilitar as coisas pois há menos dúvidas. E, nesse caso, invista o máximo no talento que você acredita ter e entre numa faculdade que tenha condições de moldar o que você sabe. O maior erro que vejo acontecer são grandes potenciais programadores entrar em faculdades ruins apenas para pegar um diploma pois eles acreditam que são bons (e ainda não são, apenas tem potencial) e por isso não precisam de faculdade para continuar.

São dois equívocos, primeiro, porque uma faculdade ruim está lhe fazendo perder tempo de alguma maneira em busca de um diploma que não tem valor algum. Eu pessoalmente não contrato ninguém baseado em diploma, e nem ninguém realmente sério, que dá valor ao conhecimento, contrata por diploma. Esse é o primeiro equívoco.

O segundo equívoco é confundir justamente desenvolvimento de software (incluindo desenvolvimento web), como um mero conjunto de conhecimentos específicos. Achar que sabendo javascript, HTML, Linux, Apache, etc é uma coleção suficiente. Pense novamente num pintor: um grande pintor ou sabe pintar a obra toda ou não sabe pintar nada. Um bom chéf de cozinha ou sabe fazer os pratos todos ou nada. Um músico, ou sabe compor uma música completa ou nada. Não existe saber pedaços – mesmo que muito bem cada pedaço – e achar que já sabe o suficiente.

O Peão e o Artista

Esse equívoco é mortal, porque o indivíduo vai facilmente acreditar que sabe o suficiente e vai dar pouca ou nenhuma atenção a todo o resto. Desenvolvimento de Software é uma arte como qualquer outra. Você jamais será perfeito em todos os aspectos dela mas a peculiaridade de todas essas áreas criativas primam pela “busca da perfeição”. Não é o que você faz hoje que conta, mas que degrau acima estará amanhã e a sabedoria de que essa escada não tem fim. O importante não é cada obra, mas a jornada. A jornada em busca da perfeição é o motor da melhoria contínua. Como Sócrates diria, “quanto mais aprendo, menos sei” (ouk imae idenai, ah mae oido). Parem por um instante e pensem nisso novamente: a maioria de nós esquece esse princípio. Diplomas e certificados são ruins no sentido em que eles desestimulam completamente a jornada de longo prazo por falsos troféis de curto prazo.

Você acha que realmente não precisa de faculdade? Você sabe probabilidade e estatística? Realmente acha que sabe? Porque sem isso você não cria os mecanismos mais avançados de anti-spam e anti-vírus. Você acha que entende de álgebra linear e cálculo? Porque senão você nunca vai criar nada de computação gráfica. Você realmente acha que entende de álgebra? Sem ela você nunca vai entender como funciona todos os mecanismos de criptografia. Você realmente aprendeu lógica booleana? Sem isso você não entende a fundação da computação moderna. Você acha que saber um pouco de física quântica é irrelevante? Sem ela você nem pode começar a imaginar as possibilidades da computação quântica do futuro. Antes que os cínicos levem isso ao pé-da-letra, não, não estou falando em ser expert em qualquer dessas áreas – eu não sou – mas sei onde olhar para resolver cada problema que envolve cada uma dessas áreas.

Muita gente acha isso tudo muito irrelevante. Afinal, para que um programador precisa saber toda essa baboseira para ser um mero “codificador de formulários”? Sim, porque no final das contas, o grosso do “mercado de trabalho” é nada mais, nada menos do que criar formulários. Seja formulários em Visual Basic. Seja formulários em HTML, é tudo formulário. Para isso eu não preciso de Da Vinci, realmente um pintor de paredes me basta.

Se seu propósito de “programador” é não mais do que isso, este artigo acaba aqui e eu estou perdendo meu tempo. Eu também faço formulários. Não quer dizer que eu me conformo a isso. Não quer dizer que eu não invente formas diferentes de fazer isso. Um Da Vinci não escolhe nem planeja quando nem como vai sair sua Mona Lisa. Ela é o resultado de uma longa, trabalhosa, difícil jornada. Para se ter uma idéia, a Mona Lisa começou a ser pintada em 1503. Ele deu os últimos retoques nela até pouco antes de morrer, lá para 1519, e essa jornada o levou da Itália à França em 1516. E ela só começou a ficar realmente famosa no meio do século XIX. Ele fez centenas de outras pinturas durante sua jornada, algumas mais conhecidas, outras ignoradas.

Além disso, saber todos os aspectos da profissão faz até mesmo a tarefa de “codificar formulários” muito mais interessante. Um codificador medíocre vai codificar formulários da mesma forma pela vida toda. Um bom programador sempre vai buscar formas diferentes, experimentar novas técnicas, aprimorar as que já sabe. Exatamente como se fazia na Renascença. Assim surge toda a escola de arquitetura de software, as melhores práticas, as melhores arquiteturas, todo o processo e a disciplina que depois será ensinada como “decoreba” aos medíocres.

Estruturas de dados, Algoritmos simples, bancos de dados relacionais, compiladores, montadores, sistemas operacionais, protocolos, são todas disciplinas que devem ser consideradas triviais. Não é nisso que está o desafio. É o mesmo para um artista saber a posição de segurar um pincel, ou como manusear as teclas de um piano. É a forma como se usa que faz a diferença, isso requer talento, requer experiência. Mesmo com a pessoa mais talentosa será necessário anos, muita experimentação práticas, milhares de horas de treino, de tentativa e erro, de aprimoramento, até chegar ao status de expert. Um bom programador deve almejar se tornar um polymath.

E por Polymath quero dizer saber programação, saber um pouco de administração, um pouco de marketing, cultura geral, comunicação e diversos outros aspectos que vão se somar ao seu ofício principal. A atual moda de “Redes Sociais” faz muito mais sentido quando você se intera dos trabalhos de estudiosos como Albert László Barabási sobre Redes de Livre Escala, uma disciplina que não se origina na computação mas que explica com precisão a evolução desse tipo de de formação natural. Para os mais inclinados à carreira gerencial, saibam que dá outra perspectiva entender Frederick Taylor. Temas mais “modernos” como Agilidade ou Lean fazem muito mais sentido depois de ver o trabalho de outros como W. Edward Deming ou Taiichi Ohno.

Meu ponto: você não vai tirar nada de útil apenas da sua cabeça. Esqueça essa idéia. Você só vai aprimorar o que sabe, de forma efetivamente veloz, subindo nos ombros de gigantes. No meu caso acho que eu apenas absorvi esse insight e mudei minha atitude de forma consciente ao passar pela faculdade, num ambiente propício a experimentar minha própria pequenez diante de décadas de evolução cultural e acadêmica. Você precisa se sentir um anão para buscar ultrapassar os gigantes. Os atuais ambientes tradicionais, comerciais, de ensino e trabalho, infelizmente, são péssimos lugares para isso, eu diria, os piores do mundo. Você sempre tem a ilusão que consegue mais, sem se esforçar por mais, num ambiente predatório que incentiva o rápido e o superficial.

A cultura fast-food de hoje é completamente avesso ao conceito de melhoria contínua que – por definição – depende de tempo e esforço contínuo, disciplinado. Hoje todos querem uma faculdade curta, fácil de entrar, fácil de passar, de preferência barata e de pouco esforço. Cursos e certificados seguem o mesmo caminho onde muito rapidamente você pode se auto-entitular um “sábio” em determinada área. Em vez de um ambiente meritocrático, que valoriza o aprendizado e a sabedoria, temos um ambiente oportunista que valoriza a pequenez, o pouco esforço e a baixa cultura.

Receita?

Com tudo isso:

Agora a parte mais complicada da equação: pouca gente tem condições para tudo isso. A maioria não é apenas oportunista, mas está numa situação de real despreparo financeiro. Tem problemas mais graves ainda do que financeiros, talvez familiares. Resumindo, encontra-se naquela terrível situação onde precisa escolher entre o que quer e o que os outros querem, onde qualquer uma das duas escolhas será uma péssima escolha.

Não tenho solução mágica para isso, sequer tenho essa vivência. Porém conheço casos muitos próximos em detalhes de pessoas que conseguiram sair do ciclo negativo e se tornaram muito mais bem sucedidas do que eu. Agora isso tem um preço: vai doer. Nenhuma grande recompensa vem de graça. Nenhum grande valor vem em curto prazo.

O que eu mais vejo são pessoas que perdem muito tempo tendo dó de si mesmas. Odeio esse tipo, se achando as vítimas de tudo. A culpa é do sistema. A culpa é da empresa. A culpa é dos pais. A culpa é de todo mundo … menos de si mesmo! Sempre existe gente em situação muito pior do que você está. Nunca ache que já está no fundo do poço porque você não tem nem idéia de quão fundo é esse poço (e se você está aqui, lendo este blog, posso lhe assegurar que você está muito longe desse fundo, portanto não tem desculpa.)

O velho ditado continua valendo “no pain, no gain.” O importante é não ser conformista. A maioria que critica quando eu falo dessas coisas, para começar, está partindo do princípio errado: separa o que é trabalho do que não é trabalho. Esse já é o conformista, quer queira ou não, você já se conformou que seu trabalho é algo que você não quer levar para casa. E não estou falando no sentido de levar papelada de tarefas para fazer na madrugada. Estou falando na jornada, no mindset, no pensamento, na reflexão. Qual o balanço disso? Cada um sabe do seu.

Foras de Série

Como diz Malcolm Gladwell no seu recente Outliers, os Beatles foram para Hamburgo 5 vezes entre 1960 e 1962. Eles tocavam 8 horas por noite, 7 dias por semana. Tentando ganhar uma platéia que não falavam a língua deles e que estavam mais interessados nas strippers. Eles tocaram 270 noites em Hamburgo. Quando o “I Want To Hold Your Hand” finalmente fez sucesso na América, em Janeiro de 1964, os Beatles já haviam performado 1.200 vezes. Isso é muito mais experiência do que muitos dos novos artistas já tiveram.

Você não precisa se tornar os Beatles, isso é quase impossível. Se tornar um Bill Gates, um Steve Jobs, um Ray Kroc, um Henry Ford. Não faz nenhum sentido tentar imitá-los, seguir seus passos, cursar os mesmos cursos, fazer as mesmas coisas, vestir as mesmas roupas, ou qualquer coisa supérflua dessa forma. Isso é fútil e não trás nenhum resultado, sinto dizer, mas uma biografia não é nem de longe uma receita para o sucesso. Você precisa absorver o que os levou à jornada, não o que fizeram durante a jornada.

Uma coisa que todos eles tem em comum são talento, muito trabalho e muita experiência. Um Mozart começou a compor aos 6 anos, mas foi só depois dos 20 anos que ele finalmente compôs uma obra de arte: mais de 10 mil horas de prática depois.

Portanto, eu retorno à pergunta: “Vale a pena fazer faculdade?” Certamente, se for uma boa faculdade, se for com o intuito de aprimorar o que você sabe, se for com o objetivo de aprender mais. Vale bastante, se entender que uma faculdade é apenas uma fração da sua jornada de – no mínimo – 10 anos de aprendizado antes de finalmente poder dizer que sabe alguma coisa.

Minha jornada na informática começou timidamente em 1986, com mais ênfase a partir de 1989. Meu currículo “formal”, começa lá por 1997. Ainda sou extremamente novato em muitas áreas em que eu gostaria de saber mais. Minha jornada mal começou. Não pense que a sua já acabou.

Você precisa de um faculdade?

Depois de tudo isso você não espera uma resposta fácil, espera? :-)

Para ser medíocre – por definição, fazer o que todo mundo faz – sim, você definitivamente vai precisar de uma faculdade, qualquer uma, pegar seu diploma e ser apenas mais um no meio de milhões. Boa sorte, você vai precisar.

Para ser acima da média – o único caminho sano – depende. Se você acha que consegue aprender tudo sozinho, isso também funciona. Conheço vários casos assim, de pessoas extraordinárias que nunca fizeram faculdade (ou que fizeram uma ruim, mas isso não os influenciou, foi apenas para aparências) e sabem todos os aspectos da área. Entenda: conhecimento não é um segredo. Não existe coisas que você só vai ver depois que abrir alguma porta secreta dentro de uma faculdade. Toda a informação está disponível. Cabe você saber se você vai atrás de tudo isso sozinho ou não. Se achar que não, faça faculdade, mas uma decente, não uma dessas comerciais descartáveis de esquina. Acho que vale a pena.

Porém, se a pergunta que você queria fazer era “faculdade é determinante numa carreira de sucesso?” Nesse caso, a resposta é não. Sucesso depende única e exclusivamente do indivíduo. Se tiver sucesso ele é só seu, e se tiver fracasso, a culpa não é de ninguém mais além de você mesmo. E, de novo aos cínicos (por alguma razão tenho a impressão que os cínicos são inteligentes e sempre buscam retirar coisas fora do contexto …), não nada do que eu disse aqui é novidade. Estou apenas repetindo o que já deveria ser senso comum.

tags: off-topic career

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